16 março 2023

Levantamento detalha diferenças entre mercados grandes e menores no faturamento digital para o rádio

 São Paulo - Levantamento também aponta que existe um ritmo de crescimento mais acelerado em mercados médios e pequenos, porém a base inicial comparativa é menor

Um dos grandes desafios para gerar receita em plataformas digitais é ampliar a escala de consumo. Ou seja, quanto mais acessos uma mídia on-line tem, maior é o seu faturamento, excluindo casos específicos de segmentação (mas que ainda necessitam de um número considerável para gerar receita). E esse cenário é exemplificado pela atual situação das rádios AM/FM dos Estados Unidos, onde quem concentra boa parte dos recursos digitais são estações presentes em grandes mercados. Um levantamento divulgado pela Radio Advertising Bureau (RAB) e pela Borrell Associates mostrou esse "abismo" entre as praças.

Para se ter uma ideia do tamanho da importância das vendas digitais para o rádio norte-americano, essa prática deve atingir US$ 2,1 bilhões em 2023, resultado em metade do crescimento registrado pelas emissoras. E em 2022, a média de faturamento digital por emissora foi de US$ 420.375, mas esse valor ofusca a diferença entre as rádios presentes em grandes centros e aquelas que operam em mercados menores.

A diferença: a média de faturamento digital para as estações presentes nos dez maiores mercados dos Estados Unidos foi de US$ 1,2 milhão em 2022. Já para aquelas que atuam em praças menores (classificadas de 301 a 513), o valor médio foi de US$ 85.064 no ano passado, bem abaixo da média geral (de US$ 420.375).

A imprensa especializada no setor de radiodifusão repercutiu esses números no início do mês, considerando que as novas informações "oferecem dados mais granulares sobre receita digital por tamanho de mercado". A média em 2022 entre os mercados de classificação 11 a 20 foi de US$ 967.823 em receita digital, seguida de US$ 537.993 nas praças 21-50 e US$ 346.858 naqueles classificados entre 51-100.

Outro detalhe importante é que as taxas de crescimento da receita digital em 2022 também variaram muito de acordo com o tamanho do mercado, com praças de grande a médio porte tendo menos crescimento do que as menores. A taxa dos 10 maiores mercados foi de 18,4%, enquanto aqueles classificados entre 301 a 513 foi de 23,8% nos mercados 301-513. Quanto menor o tamanho do mercado, maior a taxa média de crescimento.

A princípio, a conclusão de que existem mais recursos nas praças maiores é algo aparentemente óbvio para qualquer segmento econômico, devido à possibilidade de escalas maiores onde existem mais pessoas. Porém, é importante a indústria ter ciência do tamanho das diferenças em números, até para orientar seu planejamento de investimentos para inclusão e participação no digital. E também o que esperar de retorno após esses movimentos, considerando o cenário atual.

Modelo digital em cheque? Estar em mercados menores inviabiliza investimentos?

Não necessariamente. Segundo especialistas do setor ouvidos pelo Blog em fevereiro deste ano, a retração do mercado, que deve continuar nos primeiros meses de 2023, está mais relacionada às notícias de desaceleração da economia mundial ou até mesmo de recessão nos principais mercados globais. E isso inclui o Brasil. Mas há uma perspectiva de melhora para o segundo semestre de 2023.

Já sobre o tamanho da verba disponível entre os mercados, cenário possivelmente similar no Brasil, também não devem ser impeditivos para investimentos e participação em plataformas on-line, pensando no planejamento das emissoras de rádio. Como o próprio percentual de crescimento mostra, há um caminho para se percorrer no mundo on-line, conforme o consumo de streaming e de outras frentes avançam em todo o planeta.

E por qual razão olhar para lá fora?

Blog costuma observar esses pontos de curiosidade dos números do rádio internacional para mapear possíveis mudanças de hábitos e a manutenção do consumo de rádio em diferentes países. Assim como ocorreu no ano anterior, periodicamente a redação do portal irá monitorar o desempenho do rádio nos principais mercados do mundo e, é claro, fazendo sempre uma comparação com a situação brasileira. E, como de costume, repercutindo também qualquer número confiável sobre o consumo de rádio no Brasil.