São Paulo - Consumo de rádio, novos formatos de entrega de conteúdo, monetização dos inventários e o avanço do digital foram alguns dos pontos discutidos
Ontem (7) os radiodifusores de São Paulo (capital e interior) se reuniram no primeiro evento presencial realizado pela AESP (Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo) desde fevereiro de 2020. Após mais de dois anos sem encontros presenciais devido à pandemia da covid-19, empresários e profissionais do setor puderam se reencontrar e colocar várias pautas em dia. A principal delas, relacionada à programação organizada pela associação, foi o que aconteceu no NAB Show 2022. Radiodifusores e empresários que estiveram no congresso e na feira realizada nos Estados Unidos discutiram sobre o que é relevante para o rádio, com apresentações de dados e equipamentos.
Na abertura do evento, Rodrigo Neves (presidente da AESP) e Eduardo Cappia (líder do comitê técnico da AESP) mostraram alguns dos números relacionados à edição de 2022 da NAB Show, como mais de 52 mil participantes que estiveram presentes entre os dias 16 e 19 de abril, onde 11 mil deles são estrangeiros (representando 155 países). Cerca de 600 brasileiros estiveram presentes em Las Vegas, local do evento.
Rodrigo Neves destacou que o setor norte-americano vive um momento positivo em vários sentidos, seja pelo retorno dos eventos presenciais e também com as possibilidades para a radiodifusão. “Eles estavam transbordando uma euforia com o nosso negócio de rádio”, destaca o presidente da AESP, que se reuniu com líderes do setor durante o evento norte-americano.
O presidente da AESP contextualizou o motivo da euforia dos radiodifusores norte-americanos. Neves mostrou um levantamento da PwC, que mostra um crescimento no mercado de publicidade de rádio, de US $18,2 bilhões em 2016 para US $19,1 bilhões em 2021, dado que não leva em conta a publicidade de rádio via satélite, que representa apenas uma fração da publicidade total de rádio. Os números podem ser encontrados no levantamento Global Entertainment and Media Outlook2017-2021 (PWC).
Carolina Sasse (sócia e Diretora de Marketing & Vendas da Cadena) e Raul Abreu (Diretor da Top FM) acompanharam vários painéis do NAB Show 2022, inclusive o 2º Fórum de Rádio em Pequenos e Médios Mercados. A empresária mostrou números de consumo e faturamento do rádio norte-americano e provocou os presentes sobre a necessidade de se repensar o negócio rádio. Para Sasse, é necessário que uma emissora se reposicione como uma empresa de marketing, oferecendo soluções em diferentes modalidades de entrega de conteúdo, seja para clientes e ouvintes (que também devem ser pensados como parceiros da rádio).
Com base no que acompanhou no NAB Show 2022, Sasse destaca algumas oportunidades para o rádio, como aproveitar melhor os talentos da equipe, automatizar o que pode ser automatizado, usar a tecnologia, software e processos a seu favor e também capacitar a si mesmo e a equipe. A empresária também visitou a sede da iHeartMedia Las Vegas e destacou alguns dos processos realizados pela empresa.
Marcelo Monteiro (Diretor do Grupo Monteiro de Barros de Comunicação) e Lucas Monteiro (Diretor da Rede Vida de Televisão) mostraram os principais destaques de produtos oferecidos por diferentes marcas na feira do NAB Show. As dicas vão desde equipamentos para vídeo, como também novidades na área de inteligência artificial. Em um dos casos, uma empresa já oferece a criação de avatares de pessoas para que seja uma espécie de “apresentador digital”, capaz de ler e falar as notícias publicadas pelos mais diversos veículos. Também foi destaque a possibilidade de criação de cenários virtuais, que otimizam de forma significativa a estrutura de uma empresa voltada a vídeo.
Também foi destacada a discussão sobre o modelo de assinaturas de serviços de streaming, que atingiu um platô nos Estados Unidos e, em alguns casos, apresentou queda no número de assinantes. Empresas como Netflix planejam outras formas de monetização, que passam pela presença de anúncios nessas plataformas. Também é destaque a existência de agregadores na destruição de conteúdo, como alternativa ao modelo de assinaturas por plataforma.
O evento da AESP também contou com as apresentações de Martin Bonato (diretor da Brasvídeo), que mostrou os destaques de novidades técnicas para áudio e vídeo na área de software, e também Thiago Perrela, diretor de Engenharia e Tecnologia do Grupo Bandeirantes.
Perrela deu uma visão detalhada sobre o NAB Show sob sua perspectiva, com destaque para soluções em infraestrutura de áudio e vídeo. E destacou que é importante que as empresas entendam que a feira reflete o momento da tecnologia e todos os questionamentos que essas novidades trazem (custos, qual solução utilizar, como se deve usar e quais serão os processos). Thiago considera que é importante que as empresas preservem seu legado e, a partir disso, entender melhor quais são as necessidades tecnológicas demandadas pelo atual momento.
Mais NAB Show 2022.
Na cobertura realizada pelo tudoradio.com sobre o NAB Show 2022, o portal destacou debates realizados por líderes da indústria de rádio norte-americana. Eles consideram que o meio está apenas no começo de sua transformação digital, ou seja, a "indústria do rádio continua a abrir espaço para si mesma – reimaginando as operações, destacando sua importância em tempos de crise e pegando novas tecnologias pelas lapelas".
"A sensação que tenho é que estamos apenas começando, que temos tremendas oportunidades, que do lado dos ouvintes, você está escolhendo pessoas que no ano anterior valorizavam a paz e a tranquilidade, e agora que têm paz e tranquilidade querem algo, e (a indústria de áudio) é a beneficiária disso", afirmou à época Bob Pittman, CEO da iHeartMedia.
Outra frase marcante é de David Field (CEO da Audacy, antiga Entercom), que diz que “estamos à beira da melhor era para o rádio… a extraordinária explosão de conteúdo e experiências que agora estamos oferecendo aos ouvintes através da tecnologia, estamos à beira do rádio e do áudio avançando e entregando ótimos resultados".
Também foi ponto de discussão o período pré-pandemia da covid-19 e o momento atual para o rádio. Em outro painel, foi destacado de forma categórica que "O negócio de rádio de hoje é diferente daquele de 2019". Esse novo cenário passa pela redução das equipes das emissoras, dificuldade de reter talentos, necessidade de soluções integradas de marketing para os anunciantes e novos hábitos de consumo por parte do público, que ocasiona um crescimento das receitas e da audiência digital das rádios.