13 julho 2023

5G avança pelo Brasil e muda hábitos de usuários. Rádio pode se beneficiar

 São Paulo - Alguns usuários já consideram deixar a banda larga para ficar apenas com a rede móvel. Consumo de streaming de áudio pode ser impactado

Análise - O Blog tem acompanhado uma série de reportagens na mídia com as impressões de usuários sobre o 5G, que começa a pavimentar um caminho de previsões vistas antes da implantação da nova tecnologia no Brasil. Muitos analistas apontam que a conexão com a internet deixará de depender do uso residencial e comercial da banda larga e de aparelhos Wi-Fi, ficando mais acessível com o simples sinal da rede móvel, através do 5G. Com alta velocidade, boa cobertura e baixa latência, usuários já cogitam até abandonar planos de banda larga e ficar apenas com a rede móvel. Mas como isso afeta o rádio? Esse cenário abre uma janela de oportunidades para o crescimento digital das emissoras, mas também traz desafios. Acompanhe:

Quais eram os problemas das redes 4G e 3G? Alta latência, principalmente em áreas de grande concentração de pessoas, sombras no sinal e baixa velocidade. Pois bem, o 5G deve resolver isso: a latência, que é aquele tempo de resposta que o usuário leva até o carregamento de uma mídia, página ou qualquer conteúdo digital, está mais baixa do que a da banda larga na maioria das cidades brasileiras. A velocidade, segundo a editoria Tilt do UOL, supera facilmente os 400 Mbps de média em cidades como Curitiba, Porto Alegre e Teresina. Além das sombras de pontos de Wi-Fi nas residências, dependendo de como o usuário utiliza a internet, a rede móvel já pode dar conta da rotina.

nas cidades. Estando em qualquer lugar, o acesso à rede móvel fica facilitado. Mas algumas questões ainda precisam ser respondidas e provavelmente serão resolvidas com o tempo: custo para o usuário, diminuição de áreas de sombra do 5G, diminuição de gargalos de conexão (como em locais muito movimentados, de alta demanda), entre outros pontos. Pelo investimento empenhado, é possível que esses problemas sejam minimizados rapidamente, mas ainda há um cenário incerto sobre custos, que provavelmente será amenizado conforme a escala aumente.

Isso é ruim para o rádio via dial FM? Não necessariamente. Ainda não se vislumbra uma substituição de tecnologias e muito se fala em um futuro híbrido para o rádiounindo o que há de bom do sinal via FM ou rádio digital terrestre com os dados de internet. Isso tem sido amplamente debatido em fóruns e congressos do setor. O FM ou o rádio digital terrestre (DAB+, HD Rádio, por exemplo) são tecnologias de fácil uso, com receptores melhorando suas qualidades e são gratuitas (um dos pontos mais fortes que ajudam a manutenção da relevância desse tipo de entrega de conteúdo em áudio).

Contudo, o rádio precisa estar atento ao crescimento do 5G. Até onde é possível enxergar, considerando o que temos hoje disponível ao grande público em larga escala, existe uma real possibilidade de crescimento rápido da demanda por conteúdo digital, especialmente áudio via streaming. E isso é positivo para as emissoras, que já disponibilizam esse tipo de conteúdo, tendo como desafio tornar esse acesso de forma simples e rápida para o usuário, similar à lógica do rádio FM. Por ser um fluxo mais leve atualmente, a tendência de crescimento do streaming das emissoras com um 5G mais presente e estável é real, considerando a ampla oferta de smartphones de diferentes preços e marcas disponíveis no Brasil. A combinação de FM disponível nos aparelhos e conexão de dados pode representar um futuro próximo muito promissor para o conteúdo de rádio.

Com  1 ano de sua implantação completado no último dia 6, o 5G brasileiro ainda está expandindo sua implementação e, nas cidades onde já opera, a melhoria do serviço é percebida de forma gradativa. Segundo levantamento do MCom, já foram contempladas todas as 27 capitais; 26 municípios com mais de 500 mil habitantes; 454 de regiões metropolitanas e entornos; e 1.103 cidades com mais de 200 mil habitantes e regiões do entorno. A área de cobertura disponível para instalação beneficia cerca de 141 milhões de brasileiros (66,4% da população do país). E, no final de junho, outras 187 cidades já receberam a autorização para a implantação do 5G.