06 junho 2022

Tendências | Beasley Media Group (EUA) afirma que 40% a 60% da audiência de suas rádios está no digital

São Paulo - Média chama a atenção por contrastar com pesquisas que apontam uma participação de 11% para o streaming na composição da audiência de rádio. Empresa explica o que considera como "digital"

Um dado divulgado pela Beasley Media Group, importante grupo de rádios nos Estados Unidos, tem chamado a atenção da indústria de rádio. Segundo a empresa, cerca de 40% a 60% de toda a audiência de rádio de suas estações estão concentradas no digital. A parcela é bem superior à divisão "dial AM/FM vs. streaming de áudio" apontado por pesquisas recentes, onde 89% está no receptor tradicional e 11% no digital, segundo a Edison Research. E o grupo norte-americano aponta que essa ampliação do digital é um movimento constante e não considera apenas os "níveis de escutas", ou seja, considera sua audiência como algo multiplataforma, inclusive no tipo de conteúdo gerado, compartilhado e consumido

Os dados da Beasley Media Group foram compartilhados durante o evento "Gabelli 14th Annual Entertainment & Broadcasting Symposium" e foi repercutido por portais especializados em mídia, como o Inside Radio. A publicação trouxe alguns exemplos do avanço do digital: 38% da audiência total do Philly rocker WMMR vem de plataformas digitais. O número é de 58% no “98,5 The Sports Hub” WBZ-FM Boston e 60% na WRIF Detroit, de formato rock.

“Estamos vendo uma migração do ar para o online”, afirmou a a CEO da empresa, Caroline Beasley, na conferência onde foram apresentados esses dados.

Porém, quando questionados sobre essa divisão entre offline e digital, a empresa explicou que essas parcelas não são relacionadas aos níveis de escuta de rádio (foco das principais pesquisas), mas sim "pertencem ao público total dessas marcas, que criam e distribuem conteúdo em várias plataformas em várias mídias, incluindo áudio, vídeo e texto". 

Esse crescimento do digital tem um motivo, segundo a imprensa especializada. A Beasley Media Group realizou investimentos significativos nas plataformas digitais em seus canais e atrações que tiveram uma maior adesão à nova tecnologia. Há uma movimentação forte para a criação de podcasts a partir das principais atrações de formato talk das estações do grupo, onde cada programa conta com uma média bem superior a 1 mil episódios disponíveis em ambientes on-line.

Um movimento que é aliado ao investimento digital é a atenção maior nos mercados locais. Ou seja, para que seja alavancada a audiência on-line e as possibilidades de negócios, o grupo procura alcançar cerca de 30% do total da divisão do mercado em cada praça. Boston, o maior mercado da Beasley, que é responsável por 25% da receita total do grupo, a empresa suga “43 centavos de cada dólar local nesse mercado”, disse Caroline Beasley. E na Philadelphia a empresa tem 35% do mercado de rádio local.

No geral, a empresa conta com uma proporção de oito em cada dez dólares de anúncios da Beasley vêm de vendas locais, ou seja, a fatia de vendas nacionais é de 21%.

De volta aos níveis de escuta…

A Edison Research aponta que 11% da audiência de rádio nos Estados Unidos está no streaming. Porém, essa não é uma proporção padrão entre os mercados internacionais. Recentemente o tudoradio.com repercutiu os dados relacionados ao Reino Unido, onde lá 22% do consumo de rádio está no streaming. 

O Blog Mundo do Rádio costuma observar esses pontos de curiosidade dos números do rádio internacional para mapear possíveis mudanças de hábitos e a manutenção do consumo de rádio em diferentes países. Assim como ocorreu no ano anterior, periodicamente a redação do portal irá monitorar o desempenho do rádio nos principais mercados do mundo e, é claro, fazendo sempre uma comparação com a situação brasileira. E, como de costume, repercutindo também qualquer número confiável sobre o consumo de rádio no Brasil.